"O papel do Rio + 20"


23
Da teoria à prática, a incivilidade impera.

Segundo balanço feito, o Rio de Janeiro recebeu, no Rio mais 20, nos dez dias de evento, cerca de cento e dez mil pessoas, gerando aproximadamente 247 milhões de reais, ao setor turístico.

O evento, mesmo envolvendo essa pequena multidão, e movimentando essa pequena fortuna, parece não envolver e não movimentar a maioria das pessoas, que não mudam em nada os seus hábitos.

Assim, perambulando pela ruela, que muitos chamam de calçadão, no centro de Jaraguá do Sul, percebi três mulheres caminhando. Uma aparentava ser a avó, a outra a filha e, por última, a pequena, provavelmente neta da mais idosa.

Tá, mas, o que tem isso a ver com o Rio mais 20? Tudo meus amigos! Pois aquele bonito trio começou a perder sua beleza quando a criança jogou um papel de bala no chão.

Quando vi esse ato, até tive vontade de xingá-la de porquinha, mas como aparentava seus sete, oito anos, e a mãe estava ao lado, possivelmente, pensei comigo, que a mulher iria adverti-la e fazê-la ajuntar o papel, pois seria algo, no mínimo, razoável para a situação, principalmente por que no calçadão há várias lixeiras.

Entretanto, infelizmente, eu vi a sequência dos atos. Eu vi um incentivo àquela atitude errada da criança. Ou seja, a mãe, além de não educá-la, também jogou um papel de bala no chão. Então não aguentei, xinguei-a de porca incivilizada, não que exista uma porca civilizada, mas foi o primeiro “elogio” que me veio a mente.

Entretanto, pena que o meu desabafo ficou travado, acabei apenas elogiando-as pelo pensamento.

Penso que essas ações incivilizadas deveriam ser punidas. Foi flagrado jogando papel no chão; ótimo, a pena seria varrer o calçadão durante, no mínimo, um final de semana, usando um colete refletivo escrito em tom laranja fosforescente: Pagamento de Serviço Comunitário – A Comunidade Agradece!

Façam isso apenas uma vez, e eu duvido que essa pessoa jogará lixo nas ruas novamente.

Mas enquanto esse momento não chega, e enquanto nós tivermos vergonha de erguermos a nossa voz e fazermos os incivilizados passarem vergonha, andaremos em calçadas sujas. Continuaremos vendo debates como as que ocorreram no Rio de Janeiro (que já passou para os livros de História) e ficaremos sonhando que países invistam milhões em projetos e ações de preservação ambiental, de inserção social, de economia coerente, mas não percebemos, não caímos na real, de que a mudança não precisa de milhões, mas começa com uma simples ação: a de colocar o papel de bala no lixo. 

Comentários

  1. Bom dia Sargento!
    Coincidentemente estava eu pensando sobre isso ontem ao ver uma latinha de refrigerante na rodovia SC-413 quando estava deslocando-me à Massaranduba.
    Acredito que isso seja um caso isolado (pensamento esperançoso), já que nossa sociedade atual está um tanto quanto conscientizada no que tange à preservação ambiental. Notoriamente isso não é uma afirmação absoluta, sempre haverá desvios de conduta, no entanto a famosa geração "y", é diariamente "bombardeada" por informações pelos vários meios de comunicação e é por meio disso que ainda acredito na tal esperança. Isso é um tema que poderíamos debater por horas, principalmente ao que está relacionado à essa geração que está ascendendo, na qual tem tudo e ao mesmo tempo não tem nada, pois seus interesses estão totalmente voltados à bebida alcoólica, fumo e drogas sintéticas. Enfim, parabéns pelo texto.

    Forte abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa-noite Bernardo,

      Disse tudo: "A Geração do Vazio". Ótimo assunto para outro texto!!!
      Belas palavras, meu caro.

      Abraços

      Excluir

Postar um comentário