Capitão, meu capitão

Capitão, meu capitão,
Comandarás esta velha barcaça chamada Brasil
Em profundas águas turbulentas
Bem no centro da tormenta
Enquanto a cansada tripulação
Rema, rema em busca de esperança?

Capitão, meu capitão,
Agarro-me aqui na gávea e vejo no horizonte
Uma noite mais escura ainda que se aproxima,
E com ela uma sorrateira caravela
Com sinistra bandeira avermelhada
No mastro de ferro içada e a tremular.

Capitão, meu capitão,
Esta barcaça que agora comanda não aguentará
Outro ataque desses malditos dos mares,
Saqueadores, infames, desaventurados
Que outrora levaram não apenas nossas riquezas,
Mas a alegria e vontade de remar e vencer.

Capitão, meu capitão,
Ouço seu discurso profundo e poderoso
Seu exemplo me enche de força e de vontade,
A tripulação agora rema como nunca,
Negros, brancos, homens, mulheres
Movimentam e avivam esta velha barcaça.

Trovões eu ouço daqui sair,
Línguas de fogo eu vejo nossa barcaça expelir,
E pouco a pouco caravela de bandeira avermelhada
Ao ser atingida foge de volta para a escuridão
Enquanto alto bradamos pela vitória tão almejada
Nestes tão longínquos mares revoltos.

Vejo sorrisos e lágrimas e o tempo que se limpa,
Vejo a lua que nasce e abençoa esta jornada,
Vejo esta velha barcaça chamada Brasil,
Renovada e rejuvenescida nesta noite,
Preparando-se para um novo dia
Em que navegaremos para os nossos lares.

Capitão, meu capitão,
Aqui da gávea agora vejo a nossa terra,
Aqui da gávea agora ouço o nosso povo,
Vibrantes e alegres pelo nosso retorno,
Vibrantes e alegres pela sinistra ameaça
Que confrontada perdeu e partiu.

Capitão, meu capitão,
Corajoso foi por assumir esta velha barcaça
No meio de estrondosa tempestade,
Audacioso foi por enfrentar avermelhada ameaça,
E ao nosso lado nos conduzir à vitória,
Serás sempre o meu capitão, nobre capitão.

imagem: www.juraemprosaeverso.com.br

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