Como não cair nos "cursos grátis" que custam caro

É normal vermos anúncios deste tipo pelas redes sociais:

"Oportunidade única para quem reside em Jaraguá do Sul e região, somente nesta segunda e terça-feira ocorrerão inscrições para cursos gratuitos:
  • Cuidador;
  • Informática;
  • Socorrista;
  • Vigilante.
Preste atenção para não perder essa chance de se atualizar e entrar para o mercado de trabalho... [...]"

Provavelmente você já recebeu alguma vez, em seu feed de notícias do Facebook, uma notícia como essa, mas esse texto abordará alguns detalhes importantes na hora de "contratar e pagar" por cursos gratuitos. Portanto, fique atento antes de assinar o contrato e passar o cartão:

Cursos gratuitos que não são baratos e qualificam mal.

Inscrições relâmpago

Normalmente as inscrições ocorrem em um ou dois dias. Mas preferencialmente em um dia, para que a pessoa não tenha muito tempo para pensar e tome a decisão na ânsia de aproveitar a "oportunidade única" de buscar a qualificação e melhorar sua condição financeira.

Curso gratuito com valor simbólico

Na venda do curso gratuito é ressaltado várias vezes que o curso é grátis, mas você deverá desembolsar um valor simbólico pela utilização de equipamentos/materiais que serão usados durante o curso. O valor, é claro, não é nada simbólico, e poderá ser dividido em dez vezes no cartão, ou ter um pequeno desconto à vista.

Inscrições em local de referência

O local das inscrições normalmente são em instituições reconhecidas, que já faz a pessoa ter um referencial positivo. Por exemplo: "das 13 às 17h, vá até a "Faculdade Jaraguá" e aproveite essa oportunidade de se tornar socorrista". Ou seja, a nome da faculdade já é um referencial para o curso. Entretanto, poucos se atentam para o fato de que a faculdade simplesmente aluga o espaço para uma empresa realizar o curso, não tendo nenhuma outra relação com a organizadora.

Promessas não cumpridas

Quando o vendedor fala sobre o curso, muitas vezes faz promessas que não constam no contrato. Como o objetivo é estimular a decisão pelo impulso, as pessoas assinam o contrato e não o leem, ou leem em casa. Durante o curso, alguns dos alunos lembram-se das promessas, outros não, e como o contrato não diz nada, o resultado já sabemos.

Alunos por turma

Outra questão é a quantidade de alunos nas turmas. Em um curso que atualmente está sendo aplicado em Jaraguá do Sul, há quase 60 alunos em uma turma, com apenas um professor que deve passar conteúdo teórico e prático na área da saúde.

Práticas nas quais não se pratica

Em outro curso, também na área da saúde, foi ensinado reanimação cardiorrespiratória. Tudo bem, se não fosse o fato de que os alunos "fizeram de conta" com o colega, ou seja, nem o manequim usado para ensinar o referido protocolo foi levado para a disciplina.

Falta de cronograma

No mesmo curso em que não havia o citado manequim, não havia cronograma lógico. Ou seja, a empresa abre turmas, por exemplo, em Mafra, São Bento do Sul, Jaraguá do Sul e Joinville, e as aulas são nos mesmos dias, e os profissionais são escalados de modo que não há continuidade na disciplina iniciada. Em outros o conteúdo avançado é visto antes do básico.

Contrato de proteção ao ofertante do curso

Quando o aluno percebe que o curso é uma grande "furada", busca a rescisão, entretanto, o contrato é amarrado de modo que o aluno não seja amparado. Pior ainda se pagou o curso à vista.

Cursos vendidos durante o curso

Durante o curso alguns instrutores gastam um tempo precioso para vender cursos relacionados ao tema, buscando convencer os alunos a participarem e, é claro, desembolsarem outra quantia para aprofundar mais o conhecimento.

Curso livre sem fiscalização

Por se tratar de cursos livres, não há fiscalização de órgãos de classe, ou seja, qualquer pessoa jurídica pode montar um curso e oferecer sem estar sob o olhar criterioso que objetiva a qualidade do conhecimento repassado.

Ou seja...

O termo grátis aciona um gatilho mental, e a pessoa/família que busca qualificação se tem condições de desembolsar o valor para poder participar do curso, o faz sem se ater aos detalhes, pois normalmente a empresa força para que tudo ocorra no mesmo dia, combinando a ânsia e o tempo curto para que a decisão seja tomada o mais brevemente possível. De modo geral, a qualidade deixa muito a desejar, e se não fosse por uma questão contratual, muitos dos cursos terminariam sem alunos. Portanto, se você se deparar com o termo curso grátis e for até o local para saber como ele é, adote as seguintes ações:
  • ouça a proposta com muita atenção;
  • anote todas as promessas ditas pelo vendedor;
  • leia o contrato e confirme se as propostas estão expressas;
  • duvide quando o vendedor disser que tal promessa, que não está no contrato, será cumprida;
  • duvide quando disser que a empresa é renomada, conhecida;
  • leia atentamente sobre possível rescisão e devolução dos valores pagos;
  • solicite um cronograma, com o conteúdo que será ministrado;
  • solicite o nome dos instrutores das disciplinas e breve currículo.
Se no contexto, esses pontos ficarem obscuros, não arrisque o seu tempo e dinheiro, pois instituições sérias, que planejam cursos e buscam qualidade, são claras na oferta e nos detalhes dos cursos que oferecem. Fuja de empresas que oferecem cursos gratuitos e que pedem um valor considerável para usar materiais que nem sequer passam quais são.


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